Monday, January 31, 2005

Gata borralheira – versão canina

Passeio à noite com o cão e com o ex-namorado (que tem direitos de paternidade). A meio do caminho, aproxima-se sorrateiramente uma cadela. Insinua-se, desperta a atenção e, como se apercebe que causou impacto, resolve acompanhar-nos até ao jardim. Em pleno cenário idílico perde o pudor, inaugura as brincadeiras atrevidas, foge e deixa-se apanhar, troca umas carícias arrojadas… E lá estavam os dois, bastante entretidos, enquanto nós fingíamos que conversávamos sobre banalidades sem quaisquer constrangimentos.
O cão está pelo beicinho, nota-se bem. (Dos donos é melhor não falar.) Mas aí por volta da meia-noite – qualquer semelhança é coincidência –, ela desata a correr, a correr, a correr… até perder de vista e não voltou mais. Ficámos os três com aquela cara de parvos a pensar no que é que lhe teria dado. Comentário do meu ex para o cão, em jeito de consolo: «Deixa, vá-se lá entender as mulheres.»

Sunday, January 30, 2005

Dúvida genuína



A Sharapova é bastante engraçada – bem mais fina que a Kournikova, if you ask me – sabe jogar ténis (e tem dezassete aninhos, o que, por estes lados, parece ter impacto).
Mas o que eu queria mesmo saber é se os homens que ficam colados ao ecrã para ver os seus jogos têm o som da televisão no off.
(Embora já adivinhe que o mais provável seja responderem-me que os berrinhos até são sexys.)

Blog zapping (VII)

«…o Tiago merecia ser largado no triângulo Sunita mascarado de Capitão América.»

[maradona, Respostas]

Saturday, January 29, 2005

Deslizando graciosamente



Tatiana Navka e Roman Kostomarov da Rússia: medalha de ouro no campeonato europeu.

[São tão dramáticas as poses da patinagem artística. Adoro.]

Thursday, January 27, 2005

Sinais de fogo

Lembro-me bem de quem mo deu; já soube de cor a dedicatória; li-o numa cama que já não existe e que nunca chegou a ser minha.

Wednesday, January 26, 2005

Barraca da semana

[ou bomba de ouro da lerdice]
Pensar que os novos membros do Barnabé eram heterónimos do Rui Tavares.

Tuesday, January 25, 2005

Ainda sobre o assunto “vida privada das figuras públicas”

Vale a pena ler o excelente post do Bruno:

«Por isso me repugnam os boatos acerca da homossexualidade de figuras públicas. Aceito que muitos desses boatos poderão denunciar a hipocrisia de uns quantos actores sociais. Mas a esmagadora maioria mais não faz do que exigir práticas visíveis de heteronormatividade, nuns casos, e parodiar a falta de coragem de quem não se assume, noutros. Nestas situações, além da crueldade que pode estar presente, dá-se corpo a uma outra ideia que eu recuso, acompanhando as lições de Foucault: a ideia que a sexualidade tem que ser parte determinante da identidade pessoal ou pública de uma pessoa.
(…)
É óbvio que para a homofobia ser extirpada os actos de coragem individual de figuras públicas são fundamentais. Mas nada que se faça a saca-rolhas ou pela difusão de boatos que falem daquilo que não nos diz respeito.»

Sobre o dito debate, muito brevemente

Parece-me óbvio que o Francisco Louçã teve uma saída extremamente infeliz: ter um filho não acrescenta nada às posições sobre este tema, não é argumento de autoridade e quem nunca teve um não está excluído de ter uma opinião válida sobre o assunto.
A suposta alusão à vida privada de Paulo Portas – no sentido de «não tem filhos nem nunca terá» – é uma extrapolação das palavras proferidas pelo líder do BE. O que se disse depois, em sua defesa, é que mais valia ter ficado por dizer.

Monday, January 24, 2005

De insulto em insulto…

Consigo perceber o que há de apelativo neste argumento e principalmente de útil – no sentido de se procurar uma forma de relacionamento em sociedades multiculturais – mas não me parece que se deva apenas analisar este argumento no abstracto, onde ele parece bastante razoável. No concreto, pode significar apresentar os imigrantes – «que não aderem à modernidade» – como «factores de risco» para a liberdade de expressão nas sociedades ocidentais. Isto é, em determinados contextos mais explosivos, pode ser demasiado fácil – e, consequentemente, perigoso – que um Timothy Garton Ash se transforme num Pym Fortuyn.

Sunday, January 23, 2005

Pequenas delícias


Volta para mim/Come to Me, Paula Rego
Litografia, 2002

Um excelente pretexto para passar o fim-de-semana no Porto: a exposição da Paula Rego em Serralves é óptima. Fui mesmo à última hora (apesar de andar a dizer que ia desde Outubro); mas fui.

[Ah, e voltei com imensa vontade de colmatar uma daquelas minhas falhas e ler finalmente a Jane Eyre.]

Saturday, January 22, 2005

Blog zapping (VI)

«O domingo liberal teria certamente sido precedido por uma madrugada de sexta-feira libertária e por um sábado situacionista, e a ele teria forçosamente que se suceder uma segunda-feira trabalhista, uma terça-feira revisionista, uma quarta-feira reformista, mais a quinta-feira progressista e a sexta-feira reviralhista.»

[Rui Tavares, Um Domingo Liberal para você, ó excelência!]

Ainda não vi o filme but sounds familiar

«Desigual nos seus vários “episódios”, 5x2 é um excelente filme sobre o fim e o começo do amor. Começa com o fim, como se tivesse sido sempre assim. Continua no meio, como se tivesse sempre a acabar. E acaba no princípio, quando outro fim se adivinha e o começo promete ser perfeito

Friday, January 21, 2005

Verdades irrefutáveis

O meu truque, quando me dá para ter laivos de «anti-americanismo primário», é pensar no papel “moral” da França. Em África, se quiser engolir em seco.

Thursday, January 20, 2005

Ao reler os posts anteriores

Chego à conclusão que provavelmente deveria mudar o nome deste blog: de aguarela temperamental para aguarela esquizofrénica.

[Ou isso ou conformar-me com certas consequências de ser católica.]

Wednesday, January 19, 2005

(já me redimi um niquinho)

Leio que o Bruno resolveu “mexer” no seu template e vou a correr ver se me expurgou dos “outros desejos”.

A isto chama-se insegurança ou peso na consciência. Pelo sim, pelo não, segue dentro de pouco tempo uma daquelas minhas actualizações desde dia 9 de Janeiro. A culpa é do trabalho que me tem deixado de rastos.

Tuesday, January 18, 2005

É um facto (porventura merecido)

A minha consciência não tem só voz alta; a maior parte das vezes, fala comigo aos berros.

Monday, January 17, 2005

Problemas com «a consciência»

Já quando vivia em Nova Iorque, era perseguida pela voz da minha Mãe de cada vez que ia ao multibanco.
Entrava no compartimento, estreito e desagradável, e tinha uma sensação estranha de que não estava sozinha; introduzia o cartão; inseria o código; pedia para levantar dinheiro; e, quando ia para carregar num certo botão com demasiados zeros, começava a ouvir «Estás louca? O que é que tu pensas que estás a fazer???» [e a voz da minha Mãe não se limita ao ouvido direito ou ao esquerdo. Naaaa… a voz da minha Mãe surge de cima e faz eco – assim, tipo Deus, estão a ver?].
Resultado: encolhia-me toda, quase pedia desculpas ao meu vigilante invisível e mudava logo de ideias para um valor… digamos que… mais comedido.
Claro que depois ia o resto do caminho a calcular de quantas sobremesas iria abdicar para poder manter o belo hábito – caro comócaraças – de acabar a noite no SOB’s todos os fins-de-semana.

Sunday, January 16, 2005

Levantar cedo ao sábado é uma violência

Achei por bem pedir para assistir a umas aulas que me interessam ao sábado de manhã. Não sei o que me passou pela cabeça. É um verdadeiro suplício acordar àquela hora perfeitamente indecente da madrugada ao fim-de-semana. E por isso, assim que toca o despertador [filho da… ], lá começa a acesa discussão entre o diabinho no meu ouvido direito e o anjinho no esquerdo.

Anjinho: Por algum acaso estás a fingir que não ouviste o despertador a tocar?
Diabinho: Aguarelinha, minha querida, não foi nada o despertador. Continua na ronha que se está tão bem.
Anjinho: Tu não ouves? Não estás a pensar ficar na cama e não ires às aulas, pois não?
Diabinho: Humm… deixa-te estar, meu amor, a cama está tão boa. Nem és obrigada a ir.
Anjinho: Não és obrigada mas pediste por especial favor para assistires. Se tiveres vergonha na cara, vais.
Diabinho: Oh, por favor… Inventas uma desculpa ao Prof. e pedes os apontamentos das aulas a alguém. Não é propriamente grave, pois não, meu doce?
Anjinho: Achas mesmo que o Prof. não vai ver “preguiça” escrito na tua testa?
Diabinho: Aguarelinha, ninguém morre por faltar de vez em quando. E ontem chegaste tão tarde a casa, lembras-te? Ainda foste tomar café a seguir ao Coliseu e ainda tiveste que fazer a viagem de volta. Dormiste tão pouco e tens andado tão cansada, meu chuchu.
Anjinho: Precisamente. Não vais ficar a dormir quando podias ter ficado no Porto e voltaste de propósito, pois não? E deixa-te de desculpas esfarrapadas que vieste o caminho todo a dormir que nem uma pedra.
Diabinho: Por acaso nem dormiste nada. O que está feito, está feito. Pensa só no prazer que te vai dar ficares na caminha até às três da tarde. Além de tudo é para o teu bem, meu pitéuzinho: estás desesperadamente a precisar de descansar.
Anjinho: Aguarela Maria, deixa-te de fitas e levanta-me esse rabo da cama imediatamente!

E com tudo isto, para além de acabar por ir sempre, ainda stresso imenso porque, como é óbvio, entre o despertador tocar e o fim da elaborada discussão, já se passou grande parte do tempo de que disponho para me arranjar. E, como boa gaja, estamos a falar de hora e meia.

PS – Diabinho do lado direito e anjinho do lado esquerdo? Diabinho doce como o mel, anjinho amargo e mal-disposto? Humm… interessante.

Saturday, January 15, 2005

À procura de uma explicação

- Uma bola de ténis gigante? Uma bola de ténis gigante para acabar um sketch?
- Como é que eles se lembram disto?
- O estranho é que nem parecem beber muito.

Geniais



Fui de propósito ver estes rapazes ao coliseu do Porto, ontem.
Vale a pena comentar?

Adenda: Se calhar só um comentário pequenino. (Não, não é para dizer que o ZDQ fica um charme de vestido.) É para me juntar aos amáveis e generosos avisos que o RAP recebeu. Custou-me ver o Coliseu tão vazio e deprimente, o público tão entediado, as constantes vaias, as pessoas a abandonarem a sala e a reclamarem o dinheiro do bilhete… Quando, ainda por cima, se começar a difundir que o RAP decidiu «privatizar a sua imagem» como bem lhe apeteceu e resolveu obedecer a censuráveis impulsos de apoiar partidos políticos – quebrando as regras infrangíveis do «bom humorista» – será o fim, será decerto o fim.

Friday, January 14, 2005

A reincarnação vista pelo “ocidente”

«Se eu acreditasse na reincarnação, suicidava-me quase todos os dias.»

Este post do Ivan d’A Praia chocou-me um bocado. Mas não quero entrar por aí. Não tendo noção do contexto e, principalmente, não tendo nada a ver com isso, não faz sentido nenhum estar a comentá-lo.
Queria só chamar a atenção para a divergência de interpretações que este post põe a nu. Para os hindus ou budistas, a libertação ocorrerá precisamente com o final do ciclo de reincarnações. Estas são encaradas como um castigo; são a punição – mais ou menos severa (que depois se traduz no sistema de castas) – pela incapacidade de se alcançar na vida anterior a realidade última, a plenitude.
Ao ser introduzido no “ocidente” *, este conceito sofreu uma alteração, paganizou-se e passou progressivamente a significar uma nova oportunidade de vida. Ao contrário das religiões orientais, tem uma conotação francamente positiva – simboliza uma espécie de possibilidade de redenção, de voltar atrás e corrigir o que está mal e, porventura, o que se fez de mal.
Poder-se-á dizer que, mesmo não sendo encarado como um castigo mas sim como oportunidade, o objectivo será provavelmente o mesmo: acabar com as reincarnações assim que se alcance a perfeição. O enfoque é, porém, totalmente distinto: no primeiro caso, a perfeição atinge-se com a união ao transcendente; no segundo, o desejo é que a perfeição se atinja na vida terrena. E aqui reside toda a diferença.

* Pareço o Vasco Pulido Valente e a sua “Europa” entre aspas.

Blog zapping (V)

«Há pessoas que são simpáticas demais para poderem ser credíveis. O eterno sofá onde sentam Deus e o diabo. O templo pode estar a abarrotar de vendilhões que ninguém há-de expulsá-los. O tilintar das moedas já entrou no ritmo dos cânticos.
Bom é que ao conhecer alguém lhe avistemos as boas maneiras e o cabo do chicote. Ficam mais bem feitas as apresentações.»

[Tiago Cavaco, Há pessoas]

Blog zapping (IV)

«Raramente percebemos que a porta está mal fechada. O som da porta mal fechada não é evidente. Só muito mais tarde percebemos esse ruído impertinente. A porta ficou mal fechada. Mas agora queres fechar bem a porta ou abrir de novo a porta?»

[Pedro Mexia, A porta fechada]

Thursday, January 13, 2005

Conversas da treta

- Eu sei que tu és ingénua, acreditas que o Natal é quando o homem quiser, toda a gente é infinitamente boa, o amor pode ser para sempre…
- Esta conversa vai ter um fim?
- Vai. Quando é que estás a pensar desfazer a decoração de Natal?

Wednesday, January 12, 2005

Blog zapping (III)

«É possível a dois amantes nunca dançar um com o outro ou não gostar de o fazer ou nunca correr bem quando o tentam e serem bons na cama. É: mas e enquanto casal?»

[Rui Branco, A dançar é que a gente se entende]

Blog zapping (II)

«Ninguém substitui ninguém: há apenas uma serena continuidade, sem drama e sem tumulto. Como tem de ser. Rituais insuportáveis tornam-se obrigações suportáveis, amigáveis, quase desejáveis. Quase. E quando a noite chega, a mesa é cheia: de presentes, do presente. E do passado: um passado de silêncio que se intromete nas conversas. Ninguém diz nada. O silêncio diz tudo. E depois regressam as conversas.
Leio prosa publicada. Ninguém parece gostar do Natal. Eu gosto. Comecei tarde, eu sei. Mas também sei que, numa vida tão breve e tão precária que apenas temos por empréstimo, começar tarde é nada quando o importante é começar bem.»

[João Pereira Coutinho, Natal: começar bem]

Tuesday, January 11, 2005

Já se esteve mais longe

O Sudão começou bem o ano novo. O acordo final entre o governo e o Movimento de Libertação Popular do Sudão, que põe fim a uma guerra intermitente desde a independência, foi finalmente assinado.
O número de processos de paz já iniciados pesa na história deste país mas nunca se tinha chegado tão longe. E como o Sudão era, até agora, palco de duas guerras civis distintas embora interligadas entre si, resta esperar que esta «janela de oportunidade» dê lugar a mais uma, no Darfur. Sem surpresas, o conteúdo das negociações não deverá ser muito diferente: o desarmamento, a questão da autonomia e a abertura da oligarquia de Cartum à partilha de poder e das riquezas do território aos outros grupos nacionais têm sido, desde sempre, as cedências essenciais para uma paz duradoura.

Monday, January 10, 2005

Blog zapping (I)

When we were first dating, I told him
"You were talking in your sleep last night
and I listened, just to make sure you didn't
call out anyone else's name." My future-husband said
that he couldn't be held responsible for his subconscious,
which worried me, which made me think his dreams
were full of blond vixens in rabbit-fur bikinis.
but he said no, he dreamt mostly about boulders
and the ocean and volcanoes, dangerous weather
he witnessed but could do nothing to stop.
And I said, "I dream only of you,"
which was romantic and silly and untrue.


Denise Duhamel, Sex with a Famous Poet (via Abrupto)

[The Consequences of Wife-Swapping With a Giant também mereceu a minha atenção. E um sorriso, confesso.]

Do que eu mais gosto na blogosfera (II)

Estar rodeada de gente brilhante. Tão de perto. À distância de um blog zapping.

Sunday, January 09, 2005


No Sri Lanka, os casais de namorados sentam-se nos bancos de jardim ou passeiam-se à beira-mar sempre protegidos por um guarda-sol - para esconder os beijos, trocados a medo e com pudor, dos olhares de quem não tem lugar na fotografia.

Sentimentos contraditórios



Duas semanas depois da catástrofe no sudeste asiático recebo a notícia de que o hotel onde fiquei por uma semana, na costa leste do Sri Lanka, desapareceu por completo, assim como o amável casal que nos acolheu.
Passei um mês no Sri Lanka, a trabalho, assim que foi decretado o cessar-fogo. Percorri várias das zonas que mais sofreram com o recente desastre natural e onde, na altura, ainda se estranhava ver estrangeiros, depois de anos infindáveis de guerra civil – em especial no nordeste do país, o bastião do LTTE.
Chocada e revoltada já tinha ficado, por ver o trabalho de décadas desfeito num abrir e fechar de olhos. Hoje, inexplicavelmente, foi diferente. Embora desgostosa, ao folhear os meus álbuns, senti-me privilegiada. Acho que por poder recordar algo que a grande maioria das pessoas, que vê as imagens que nos entram casa a dentro há duas semanas, não conheceu: fotografias que, como diz o Francisco, têm muito pouco a ver com a desgraça visível actualmente; caras que, apesar da extrema pobreza, transmitem uma esperança no futuro do país invejável. Uma esperança que virá de novo ao de cima, quero crer.

PS – Os dois locais mais atingidos pelo tsunami foram a província de Aceh e a ilha do Sri Lanka. Ambos sofriam uma guerra civil de longos anos. Dá vontade de dizer que há povos que não têm mesmo sorte.

Saturday, January 08, 2005

Jantar de gajas em noite de bola

[ou Confirmando o estereótipo do maradona]
- Pensei em jantarmos cá em casa e vermos o jogo. Que tal?
- Boa. Pizzas e cerveja?
- Naaaa. A J. cozinha um belo jantar e eu abro uma das boas garrafas de vinho que tenho cá em casa.

[jantar a cheirar bem e a sair do forno, vinho já nos copos, aperitivos na mesa]

- Põe lá no jogo. Deve estar mesmo a começar.
- Em que canal é que vai dar?
- Na Sport TV.
- Er… como na Sport TV?
- Tu tens Sport TV, não tens? Diz-me que sim.
- Er… não. Oops.
- E agora?
- Ouve-se o relato?
- Que deprimente.
- Põe-se baixinho, só para ouvir os golos.
- Deixa-me dizer-te que tens um jeito para combinares jantares em tua casa em noite de jogo…

[conversa bastante agradável e relato como som de fundo, quase imperceptível]

- Goooooooooooooooooooo [De quem, de quem?] oooooooooooooooooooo [Não sei, não ouvi. Põe mais alto.] loooooooooooooooooooo [Diz Benfica, diz Benfica.] oooooooooooooooooooo [Despacha-te lá, chato.] Do Sportiiiiiiiiiiiiiiiiiiiing!

- Oh, bolas!
- Liga-se a televisão e muda-se para a novela?
- Yeap.

O Brad Pitt e a Jennifer Aniston anunciaram a sua separação



Bruno, if I were you I would start wondering how far your powers can go…

Friday, January 07, 2005

A vingança é um prato que se come… quente, delicioso e regado de um bom vinho

Paragem no Porto, na volta. Assim de improviso.
Jantar no D’Oliva Al Forno - ...hummm... - e muito bem acompanhada.
Só para não me obrigarem a ter uma viagem destas e ainda se ficarem a rir.

Viagem do Inferno

[dez minutos de espera]
Porcaria do comboio que nunca mais chega. E com o frio que está.
Bem, para ser justa, nem sequer me posso queixar porque a maior parte das vezes agradeço que se atrase senão ficava em terra. Deve estar mesmo a aparecer por aí.

[trinta minutos depois]
Linha interrompida. Isto vai demorar. Logo hoje que tenho reunião fora.

[quarenta e cinco minutos depois]
A sala de espera está cheia, sem um único lugar, e cheira mal. E eu cá fora ao frio. Já não sinto os pés.

[uma hora depois]
Estou na mesma página do jornal há sei lá quanto tempo. Recuso-me a tirar as mãos dos bolsos.

[uma hora e meia depois]
Isto é tortura. Só me apetece voltar para a minha cama. Nem sequer cheguei a sentir-lhe o gosto. Para variar, só dormi uma hora para conseguir acabar a apresentação. Mesmo vazia, nunca me pareceu tão atraente.

[uma hora e quarenta e cinco minutos depois]
Escusavam de dizer de dez em dez minutos que o comboio está atrasado sem dar mais informações relativamente à sua chegada. Fico toda empolgada cada vez que ouço «Informamos que o Alfa pendular…», estico-me toda para ver se o vejo, para, logo de seguida, me resignar ao frio e a um trocar de pernas.

[duas horas depois]
Dói-me o rabo de estar aqui sentada. Não tarda prevejo que a cabeça descaia sobre o ombro do rapaz ao meu lado que não conheço de lado nenhum.

[duas horas e quinze minutos depois]
É uma miragem; não, é um suburbano; não, parece mais um regional; não, é ele, é o Alfa para Braga.
Alívio; frio esquecido; rabo dolorido sarado que não sou de guardar rancores.

[no tão esperado comboio]
Juntaram os dois últimos Alfas num só. Isto não augura nada de bom.
Não, minha senhora, não estou enganada. Não é a carruagem 5, lugar 56? Pois. Eu peço desculpa de a estar a incomodar mas esse é de facto o meu lugar e, como vê, o comboio está cheio, senão não me importaria de trocar consigo. Ai as costas, ai a espondilose [é a patroa da menina?*]. Já não tenho idade para andar assim de um lado para o outro, daqui não saio. Claro, nem tem que sair. Onde está a minha educação? Eu sou jovem e a senhora alega a idade e a dificuldade de circulação - embora pareça consideravelmente nova, convenhamos. A senhora tem mesmo é que se sentar no primeiro lugar que encontra porque não lhe apetece procurar o seu. E eu tenho mais é que calar, pedir desculpa e ir procurar outro.
Estou quase, quase a dar em doida.

[à chegada ao Porto]
«Lamentamos informar que o Alfa com destino a Braga termina hoje, excepcionalmente, por aqui. Queira prosseguir a viagem no autocarro que se encontra no exterior, no largo da estação.»
Ah… só para terminar em beleza.

* Reminiscências de quando o Herman ainda estava no seu melhor.

Thursday, January 06, 2005

Por falar em "lealdade orgânica"

«Pessoalmente, estou farto das histórias do Dr. Cavaco Silva. Eu, se fosse a Direcção Nacional do PSD, punha mesmo os cartazes e o Dr. Cavaco Silva das duas uma: ou metia o PSD em Tribunal ou desfiliava-se do PSD, e também era um descanso para a gente, aqui, na Madeira.»

Declarações de Alberto João Jardim – claro – sobre a recusa do ex-PM em ter a sua fotografia nos outdoors da campanha eleitoral.

Tuesday, January 04, 2005

«Não batam mais no ceguinho»

Foi o que me ocorreu assim que li que Cavaco Silva tinha recusado a sua fotografia no dito cartaz e, logo de seguida, ouvi o “sermão televisivo” de Pôncio Monteiro.
Parece que a oposição está de férias para ficar.

[Tenho as minhas suspeitas que o Pacheco Pereira não terá pensado exactamente o mesmo que eu.]

Sunday, January 02, 2005

E, com um homem assim, esta tonta passa o filme todo «oh Ashley, Ashley». Era um par de estalos, não era, Joana?


This is what you were meant for. None of the fools you've ever known has kissed you like this, has he?

Saturday, January 01, 2005

E no primeiro dia do ano

Ligo a televisão quando chego a casa e está a dar aquele filme.



There's one thing I do know, and that is that I love you, Scarlett. In spite of you and me and the whole silly world going to pieces around us, I love you.