Tuesday, May 31, 2005

Sonhar acordada

E deixar a vida real para ser encarada com muito, muito sono.

(Ora aí está um belo modo de vida para quando «aquilo» insiste em escapar-se por entre os dedos.)

Monday, May 30, 2005

Caros leitores babados,

Se acham que o melhor deste blogue são as fotos, desenganem-se. Reparem só nos títulos. (Tipo este.)

Sunday, May 29, 2005

A problem with self-esteem?

Where on earth did you get that idea?

Escrever sem postar tem as suas vantagens

Como poder continuar a lavar os olhinhos assim que abro este blogue.
(E se não passasse dos drafts nos próximos tempos, ainda era um duplo favor que vos fazia.)

Friday, May 27, 2005



Perante o trailer do Mr. and Mrs. Smith, na habitual apresentação dos “filmes a exibir” anterior ao Star Wars, escapa-se um comentário fulminante e corrosivo:
- Ninguém se divorcia do Brad Pitt. Ninguém. Aposto que, desde que acordou para a vida, aquela tonta ainda não parou de chorar pelos cantos, arrependida até ao tutano pela colossal burrice cometida.

Ao que o M. acrescenta com displicência que, se o problema era a Angelina, em vez de se separar, mais valia ter embarcado numa ménage à trois. [Que é como quem diz nas entrelinhas que a Angelina é tão boa, tão boa, que nem mesmo as mulheres resistem.]

Thursday, May 26, 2005

Antes de entrar para o Star Wars*

- Boa noite. O que desejam?
- [Ser indecentemente roubados] Um pacote de pipocas XL, por favor.


* Vá-se lá saber por que terei achado que valeria a pena ir ver. O Anakin é péssimo – já se tinha percebido no episódio anterior e continuo sem entender onde é que o foram buscar; a história de amor mete dó – com aqueles diálogos nem a Natalie Portman se safa; e toda a euforia à volta dos efeitos especiais que são “francamente melhores que os das restantes prequelas” passam-me um bom bocado ao lado.
Pelo que, se nos ficarmos por aqui com os follow-ups, todos nós viveremos melhor.

Tuesday, May 24, 2005

Isso, estraguem-me com mimos que estou a precisar

Nick Cave em Paredes de Coura.

Monday, May 23, 2005

Troca de mágoas

- Isto não anda fácil. Passo o dia todo em casa, de fato-de-treino, a acabar a porcaria da tese; só vejo gente quando desço até ao tasco aqui de baixo para tomar um cafezinho de manhã; não saio à noite há meses; a minha vida sexual bateu no fundo e já nem o meu Porto me dá alegrias.

Sunday, May 22, 2005

SLB SLB SLB

Saturday, May 21, 2005

Dito e feito

Como «mergulhar num caldeirão de prozac»* não é bem o meu género, fui tentar o passeio à beira-mar. Como o M. foi colocado numa escola algures ao pé da Figueira, cravei o cabrio à minha irmã e lá fui ter com ele, de cabelos ao vento, óculos de sol e música aos berros – sim, sim, o cliché completo.
E o bem que me fez esta viagem…

* Esta expressão é óptima.

Friday, May 20, 2005

Terapias

- Então, como vai essa alma?
- Nada famosa. Mas este fim-de-semana vou tentar a terapia do passeio à beira-mar.
- Bons tempos esses em que essa terapia ainda funcionava… Agora só mesmo mergulhando num caldeirão de prozac.

Thursday, May 19, 2005

- Marge, I’m confused. Is this a sad ending or a happy ending?
- It’s an ending, Homer. That’s enough.

Wednesday, May 18, 2005

E a ti, posso abraçar-te?

O Luís falava há uns tempos atrás de ter como objectivo sair à rua e não trazer um cão para casa. Na altura, quando li o post, pensei que fosse só para ter companhia. Não é: é para ter a quem abraçar.

Tuesday, May 17, 2005

Vá, repete comigo

Mesmo quando não parece, mesmo quando não parece.

Falsas aparências

[ou: Há manhãs difíceis]
Tentar maquilhar-me enquanto as lágrimas caem cara abaixo não é tarefa fácil. E acaba por se tornar numa questão de teimosia. À quarta, quinta tentativa sou bem sucedida. Mas o fracasso é evidente.

Sunday, May 15, 2005

Heart, we will forget him!

You and I, tonight!
You may forget the warmth he gave,
I will forget the light.

When you have done, pray tell me
That I my thoughts may dim;
Haste! Lest while you're lagging.
I may remember him!


(Emily Dickinson)

[O que eu gosto deste ponto de exclamação.]

Saturday, May 14, 2005

Como se enganam tolos

[Uma achega sobre o sobreirogate]

Na segurança social, entre as senhoras que nos atendem com maior ou menor gentileza, consoante a personalidade, o vencimento, a altura do mês e a noite de ontem:
- Vocês já sabem que eu e o meu CDS…
- Oh Manuela, tem paciência. Para terem aprovado o projecto de construção daquela maneira é porque ali há marosca de certeza.
- Isso é a comunicação social que é de esquerda e, pior do que isso, anti-CDS.
- Deixa-te de desculpas esfarrapadas. Aquele abate dos sobreiros é um verdadeiro crime.
- O projecto é de utilidade pública. É melhor do que eles andarem para ali à sombra do sobreiro mas desempregados.
- Queres que o resto do país vire um novo Algarve, é? Cheio de prédios por todo o lado, feio e descaracterizado?
- Mas o empreendimento não era assim tipo Quarteira. Tinha vivendas bonitas, jardins, campos de golfe…

Friday, May 13, 2005

Adormecer e acordar

Ganharam todo um novo significado. Infelizmente.

Thursday, May 12, 2005

Mood for the day

- Sê uma querida e arranja-me um vodka daqueles, sim?

Wednesday, May 11, 2005

O problema de relações mal acabadas

É não se chegar a fazer o período de nojo. E, principalmente, fazer-se luto mais do que uma vez.

Tuesday, May 10, 2005

Tão certo que magoa

«As perdas não se escolhem, nem se acumulam para revisitação memoriosa. Impõem-se na sua absurda singularidade. De outro modo não nos detinhamos nelas. A menos claro, que fôssemos um sábio octagenário em tempo de balanços. Na maior parte das vezes somos assim mais como a Audrey Hepburn naquele momento do filme, estamos sempre assolados a viver o "antes" ou o "depois" de um "tarde demais".»

[Bruno (claro, quem mais?)]

E o pior

É que uma decepção nunca vem só.

Monday, May 09, 2005

SOS

Ninguém espera eternamente. E o que tememos por demasiado tempo acaba inevitavelmente por acontecer.

[Aviso aos leitores deste blogue: palpita-me que este pincel com vontade própria vai andar a pintar tempestades durante os próximos dias.]

Saturday, May 07, 2005

Big Brother in the bunker



O problema deste filme é o problema de todos os filmes à volta dos quais se criam demasiadas expectativas – é extremamente difícil não se sair do cinema defraudado. Ainda assim, gostei.
À excepção dos ódios que este tema suscita, não vejo grande razão para toda a celeuma à volta da «dimensão humana» de Hitler. Não me choca que ele fosse simpático para as pessoas que o rodeavam – fazia parte, parece-me, do fascínio que ele exercia. E essa mera simpatia como instrumento para criar lealdades é bastante diferente de construir verdadeiras relações afectivas – algo supostamente inalcançável para um psicopata. Além disso, fiquei com a ideia de que a humanização de Hitler no filme passava mais pela sua imagem de doente de Parkinson, decadente e desautorizado do que alguém benquisto pela sua entourage. Esta imagem de ruína é, aliás, a parte forte d’A Queda e tem valor por não ser tema frequente dos filmes sobre a Segunda Guerra Mundial.

Friday, May 06, 2005

Blog zapping (XVI)

«–Estou angustiado por te deixar, ouve-se a dizer.
Podemos saber se estamos apaixonados se nos ouvirmos a dizer coisas assim e elas soarem bem. É um critério estético. Alguma certeza deve existir e a congruência estética é um bom critério de verdade.»

[Luís, Lúcia e o sexo (2)]

Tuesday, May 03, 2005

Só para não parecer porta-voz (despeitada) deste discurso

Admite-se que as adolescentes também podem crescer e ficar assim.*
Olha, é esperar (sim, meus caros, esperar) para ver.

* Este blogue é um atentado ao ego de uma mulher. (Excepto a foto da Mariah Carey – nenhuma mulher no seu perfeito juízo fica intimidada por tal personagem.)

Prognóstico de uma obsessão

Alguns bloggers da praça andaram entretidos a descortinar os motivos da obsessão masculina por adolescentes:
1) a fantasia que só se justifica precisamente por ter lugar no plano da fantasia;
2) a mistura explosiva, personificada pela adolescente, entre pureza e inocência e laivos de malícia;
3) a busca da jovialidade e despreocupação perdida (não é à toa que a obsessão prolifera por entre os intelectuais, tornando-se mesmo na sua «imagem de marca»);
4) a relação com a adolescente como expressão do sistema de dominação patriarcal – propícia a uma «libido de posse» cujo expoente máximo corresponde à rapariga inexperiente e intocada.

A visão feminina «da coisa» gostaria de expor três ou quatro pequeninos pontos inevitavelmente presentes nas conversas entre mulheres sobre este tema:
1) delirar com adolescentes no geral (o que é claramente distinto de apreciar uma adolescente em particular) é sinal de infantilidade e insegurança – ao que se acrescenta entre dentes «cuidado com namorados com esses tiques…»;
2) os homens obcecados por adolescentes são potenciais candidatos às deploráveis crises de meia-idade (meia-idade aos 30, aos 40, aos 50…);
3) o que «eles» querem é manter o controlo da relação e, se esta for desigual (o que acontecerá mais facilmente com uma adolescente, por contraposição a uma rapariga mais madura), esse domínio estará praticamente assegurado;
4) a predilecção é fruto do medo de possíveis comparações com os fantasmas dos amantes do passado.

E a conversa acaba, normalmente, entre risinhos quando se invoca a enorme probabilidade dos “obcecados” terem decepções destas.

Sunday, May 01, 2005

Decotes, noivas e casamentos



Noiva, Paula Rego
Pastel sobre papel, 1994

No casamento deste fim-de-semana (este ano está recheado deles), a noiva estava um espanto – com um decote fundo e largo como eu nunca tinha visto para tal cerimónia. Mas daqueles «com tudo no sítio», como eu tinha explicado há uns tempos.
Convenhamos, a grande maioria das noivas é um bocado desenxabida; um número considerável tem um vestido bonito e está muito elegante; mas uma noiva sexy é coisa rara.
A A. – muito pouco dada a decotes no dia-a-dia – surpreendeu tudo e todos e entrou com uma segurança digna de se ver; o noivo, quando a viu, deve ter dissipado imediatamente quaisquer angústias teimosas – fruto do nervosismo, claro – que ainda tivesse sobre o enlace; e o mulherio (como um amigo meu costuma dizer) não parou de comentar, louvando a ousadia. O que só vem confirmar aquela velha ideia de que as mulheres se vestem para elas mesmas, para os homens e para as outras mulheres.
Convém referir que o casamento foi no civil. Não estou, de facto, a imaginar um padre a celebrar a missa perante um low-cut daqueles. O que é uma pena.

[E entretanto ouço uma voz a dizer «Que raio de católica que tu me saíste… Quase que te vendes por um decote. Quase.»]