Parece estar para terminar a novela em que este país andava enredado.
Em quatro meses as críticas foram devastadoras: produção fracassada, graves erros de casting, banda sonora entediante, textos medíocres, vocação desastrosa para o dramalhão, demasiados efeitos especiais e muito pouca acção… enfim, tudo o que o trailer já fazia prever mesmo antes deste folhetim ir para o ar.
Tuesday, November 30, 2004
Sunday, November 28, 2004
É intrigante
A ideia de baleias poderem cometer suicídio colectivo.
Revela, antes de mais, uma recusa em aceitar a explicação mais trivial de que várias dezenas se limitam a seguir a que vai à frente (que supostamente procura recursos mais próximos da costa), acabando todas por encalhar na areia e morrer.
Daqui decorre a rejeição da inevitabilidade e, consequentemente, da banalidade das suas mortes. Mas vai muito além disto. Parece uma insistência em descobrir uma emotividade, em conferir verdadeiros estados de alma, como a angústia ou o desespero, a estes animais.
Trata-se, no final de contas, de uma tentativa de humanização extremamente curiosa.
Revela, antes de mais, uma recusa em aceitar a explicação mais trivial de que várias dezenas se limitam a seguir a que vai à frente (que supostamente procura recursos mais próximos da costa), acabando todas por encalhar na areia e morrer.
Daqui decorre a rejeição da inevitabilidade e, consequentemente, da banalidade das suas mortes. Mas vai muito além disto. Parece uma insistência em descobrir uma emotividade, em conferir verdadeiros estados de alma, como a angústia ou o desespero, a estes animais.
Trata-se, no final de contas, de uma tentativa de humanização extremamente curiosa.
Thursday, November 25, 2004
Há males que vêm por bem
É um facto que a formulação da pergunta do referendo sobre o Tratado constitucional da União Europeia não é a mais atractiva para um público já de si relutante em ir votar neste tipo de matérias. E dou o benefício da dúvida de que poderá incentivar um ainda maior alheamento por parte daqueles que criticam o fosso entre os políticos e os cidadãos. No entanto, dada a impossibilidade, por motivos constitucionais, de a redigir de uma forma directa (aliada à recusa de aproveitar a última revisão constitucional para retirar este entrave), a opção de especificar as novidades trazidas por este tratado – a Carta dos Direitos Fundamentais, a votação por maioria qualificada, e as alterações institucionais – não me parece errada. Permite aprofundar precisamente estes temas que ainda confundem a maioria dos cidadãos e, mais importante do que isso, pode e deve propiciar um debate sobre o que correcta ou incorrectamente ficou de fora.
O nevoeiro que pairou sobre o referendo a pretexto da pergunta – e que parece difícil de dissipar – não é, de todo, a melhor estratégia. Além disso, parece-me desonesto partir do princípio de que tudo o que envolve esta questão ficará por esclarecer. Não é para resolver esse problema que serve a campanha de informação que antecederá o referendo? Não é por isto, antes de mais, que os vários partidos, independentemente da sua posição sobre esta matéria, se devem bater?
É verdade que muito do que está contido na Constituição já é prática corrente no seio da União e da Comunidade e os portugueses nunca foram ouvidos nem achados. O referendo representa, porém, uma excelente oportunidade para realizar um verdadeiro debate nacional sobre questões relativamente às quais deveríamos estar francamente melhor informados.
Polémica pela polémica é, em geral, estéril. Mas esta polémica pode vir a ter os seus frutos se for capitalizada da melhor forma por ambos opositores e apoiantes do novo tratado - como, infelizmente, apenas alguns têm vindo a fazer. Este debate interessa a todos os que pretendem votar em consciência – os que já estavam naturalmente interessados. Quanto aos outros, com esta ou com qualquer outra pergunta, o interesse seria provavelmente o mesmo.
O nevoeiro que pairou sobre o referendo a pretexto da pergunta – e que parece difícil de dissipar – não é, de todo, a melhor estratégia. Além disso, parece-me desonesto partir do princípio de que tudo o que envolve esta questão ficará por esclarecer. Não é para resolver esse problema que serve a campanha de informação que antecederá o referendo? Não é por isto, antes de mais, que os vários partidos, independentemente da sua posição sobre esta matéria, se devem bater?
É verdade que muito do que está contido na Constituição já é prática corrente no seio da União e da Comunidade e os portugueses nunca foram ouvidos nem achados. O referendo representa, porém, uma excelente oportunidade para realizar um verdadeiro debate nacional sobre questões relativamente às quais deveríamos estar francamente melhor informados.
Polémica pela polémica é, em geral, estéril. Mas esta polémica pode vir a ter os seus frutos se for capitalizada da melhor forma por ambos opositores e apoiantes do novo tratado - como, infelizmente, apenas alguns têm vindo a fazer. Este debate interessa a todos os que pretendem votar em consciência – os que já estavam naturalmente interessados. Quanto aos outros, com esta ou com qualquer outra pergunta, o interesse seria provavelmente o mesmo.
Wednesday, November 24, 2004
Resposta da R. ao meu melodrama
[ou “o Aguarela feito pelos seus leitores” – que são basicamente os amigos, porque mais ninguém tem paciência para as minhas pessegadas]
«Querida Aguarela:
Saltou-me a tampa. Sim, saltou. Os teus 47 kilos, a tender para os 95, deixaram-me estarrecida. Decidi escrever-te a sugerir-te o seguinte:
1) Compra uma porta blindada para o teu WC. Acho mais seguro.
2) Compra uns óculos para a tua Mãe, daqueles que distorcem a realidade.
3) Compra novos trapinhos que te tapem esse corpo horroroso com que Deus te brindou. Usa collants opacos. Nem pensar em saias acima do tornozelo. Abaixo (ou acima…) os decotes. Compra soutiens redutores (fazem efeito, acredita). E camisas à anos 80 – usam-se muito e são pouco decotadas.
4) Não prendas os teus caracóis – não vás ter 1 ou 2 estrias no pescoço.
5) Ah, já me esquecia, vê se começas a ir ao ginásio de burka.»
«Querida Aguarela:
Saltou-me a tampa. Sim, saltou. Os teus 47 kilos, a tender para os 95, deixaram-me estarrecida. Decidi escrever-te a sugerir-te o seguinte:
1) Compra uma porta blindada para o teu WC. Acho mais seguro.
2) Compra uns óculos para a tua Mãe, daqueles que distorcem a realidade.
3) Compra novos trapinhos que te tapem esse corpo horroroso com que Deus te brindou. Usa collants opacos. Nem pensar em saias acima do tornozelo. Abaixo (ou acima…) os decotes. Compra soutiens redutores (fazem efeito, acredita). E camisas à anos 80 – usam-se muito e são pouco decotadas.
4) Não prendas os teus caracóis – não vás ter 1 ou 2 estrias no pescoço.
5) Ah, já me esquecia, vê se começas a ir ao ginásio de burka.»
Tuesday, November 23, 2004
Bem-me-quer
Mais do que ninguém.
Se há certezas inabaláveis, esta é, sem dúvida, uma delas. Tudo o resto são mágoas inerentes a todos os relacionamentos. Perdoáveis, esquecíveis, tão pequeninas nestes dias.
Um beijo do tamanho do teu coração.
Se há certezas inabaláveis, esta é, sem dúvida, uma delas. Tudo o resto são mágoas inerentes a todos os relacionamentos. Perdoáveis, esquecíveis, tão pequeninas nestes dias.
Um beijo do tamanho do teu coração.
Sunday, November 21, 2004
Faz hoje um ano que morreu o F.
Era pouco mais velho do que eu. Uma idade que associada à morte se torna indizível.
O F. foi, para mim, um exemplo de coragem e, muito especialmente, de entrega. Passou os últimos meses rodeado da família, namorada e amigos. Passou os últimos meses rodeado de amor.
Porque só sabe ser amado quem sabe amar.
O F. foi, para mim, um exemplo de coragem e, muito especialmente, de entrega. Passou os últimos meses rodeado da família, namorada e amigos. Passou os últimos meses rodeado de amor.
Porque só sabe ser amado quem sabe amar.
Saturday, November 20, 2004
O MoMA reabriu hoje
Acabadinho de remodelar, com o dobro do espaço, repleto de todas as suas obras com lugar cativo e muitas outras.
Les Demoiselles d’Avignon, Pablo Picasso
Óleo sobre tela, 1907
Ui, bateu uma saudade de Nova Iorque…
[L., dás um pulinho à 53rd & Sixth por mim?]
Les Demoiselles d’Avignon, Pablo Picasso
Óleo sobre tela, 1907
Ui, bateu uma saudade de Nova Iorque…
[L., dás um pulinho à 53rd & Sixth por mim?]
Thursday, November 18, 2004
Esclarecimento
Esta música foi o momento alto do concerto da Bebel Gilberto, em Lisboa. Para este meu coração apaixonado, claro.
[A gerência pede desculpas por ter induzido em erro aqueles que já me viam a protagonizar o início de uma bela história de amor. No such luck. Mas traz lembranças. Doces lembranças.]
[A gerência pede desculpas por ter induzido em erro aqueles que já me viam a protagonizar o início de uma bela história de amor. No such luck. Mas traz lembranças. Doces lembranças.]
Monday, November 15, 2004
O meu ego não resiste mesmo ao escrutínio da minha Mãe
Hoje estreei uma camisola de gola alta daquelas bem grossas.
[e morri de calor]
[e morri de calor]
Sunday, November 14, 2004
As mães não deviam surpreender as filhas a tomar banho
Sou terminantemente contra estes encontros inesperados, a partir de uma certa idade. Nem é pela falta de privacidade. É porque, invariavelmente, acabo a ouvir: estás a ficar com barriga; e com mais estrias; tens que tratar dessa flacidez; antes de tu nasceres, eu pesava menos de 50 kilos…
E, invariavelmente, acabo a prometer: sim, Mãe, vou passar a ir a pé para o trabalho; sim, Mãe, vou voltar para o ginásio esta semana; sim, Mãe, vou deixar de atacar as compotas do Pain Quotidien; sim, Mãe, vou acabar com as castanhas que são a minha desgraça; [e já em desespero de causa] sim, Mãe, eu sei que o Inverno não tapa tudo!
E, invariavelmente, acabo a prometer: sim, Mãe, vou passar a ir a pé para o trabalho; sim, Mãe, vou voltar para o ginásio esta semana; sim, Mãe, vou deixar de atacar as compotas do Pain Quotidien; sim, Mãe, vou acabar com as castanhas que são a minha desgraça; [e já em desespero de causa] sim, Mãe, eu sei que o Inverno não tapa tudo!
Friday, November 12, 2004
Confesso
Que não consigo evitar um sorriso com os parênteses na “Europa” e nos “europeus” do Vasco Pulido Valente.
Wednesday, November 10, 2004
Troca de sms reveladora de uma hierarquia de valores
- Informo que esta tua amiga saiu hoje no jornal. A foto ultrapassa qualquer limite do esteticamente razoável. Depois de olhar para ela repetidas vezes, cheguei a uma conclusão que muito me envergonha: sou a favor da censura.
- Olha que é um jornal de esquerda…
- A vaidade não conhece esquerda ou direita, minha cara.
- Olha que é um jornal de esquerda…
- A vaidade não conhece esquerda ou direita, minha cara.
Monday, November 08, 2004
Saturday, November 06, 2004
Preciso Dizer Que Te Amo
Encontro furtivo, ao entardecer. Ela apanha-o no sítio combinado. Ele parece inquieto, com ar comprometedor. Não era para menos, a noite anterior tinha sido inesperada, julgava ela. Bastante atrapalhada, introduz a conversa com as banalidades do costume. Então, como correu o teu dia? Bem, bem. Mas isso agora não interessa nada. E num gesto algo repentino, tira desajeitadamente uma cassete do bolso do casaco. Tens que ouvir isto, diz ele a olhar para o chão. Põe a música que já trazia preparada a tocar no rádio do carro e espera, ansioso, pela reacção.
Quando a gente conversa
Contando casos, besteiras
Tanta coisa em comum
Deixando escapar segredos
E eu não sei que hora dizer
Me dá um medo, que medo
Eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que eu te amo
Tanto
E até o tempo passa arrastado
Só pr’eu ficar do teu lado
Você me chora dores de outro amor
Se abre e acaba comigo
E nessa novela eu não quero
Ser seu amigo
É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que eu te amo, tanto
Eu já nem sei se eu tô misturando
Eu perco o sono
Lembrando cada gesto teu
Qualquer bandeira
Fechando e abrindo a geladeira
A noite inteira
Eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que eu te amo, tanto
(Dé / Bebel / Cazuza)
Quando a gente conversa
Contando casos, besteiras
Tanta coisa em comum
Deixando escapar segredos
E eu não sei que hora dizer
Me dá um medo, que medo
Eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que eu te amo
Tanto
E até o tempo passa arrastado
Só pr’eu ficar do teu lado
Você me chora dores de outro amor
Se abre e acaba comigo
E nessa novela eu não quero
Ser seu amigo
É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que eu te amo, tanto
Eu já nem sei se eu tô misturando
Eu perco o sono
Lembrando cada gesto teu
Qualquer bandeira
Fechando e abrindo a geladeira
A noite inteira
Eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que eu te amo, tanto
(Dé / Bebel / Cazuza)
Friday, November 05, 2004
Thursday, November 04, 2004
Irrelevâncias (mas que saltam à vista)
- E que tal o discurso de vitória do Bush?
- Vi mas não ouvi. Estava demasiado vidrada na filha loura a bater palmas.
- Vi mas não ouvi. Estava demasiado vidrada na filha loura a bater palmas.
Wednesday, November 03, 2004
Monday, November 01, 2004
Cariño
Porque hoje é um dia tão especial
Em vez das flores, aqui ficam umas belas castanhas assadas, embrulhadas em jornal.
Para te aconchegar no regresso ao frio, depois de umas merecidas férias – tal como aconchegas o meu coração.
Aposto que, quando leres este post, até as consegues cheirar… no Brasil.
[Mas, por favor, volta depressa. Morro de saudades e isto é um verdadeiro teste à minha amizade – sabes bem como sou agarrada às castanhas. E se elas estão “quentes e boas” este ano…]
Em vez das flores, aqui ficam umas belas castanhas assadas, embrulhadas em jornal.
Para te aconchegar no regresso ao frio, depois de umas merecidas férias – tal como aconchegas o meu coração.
Aposto que, quando leres este post, até as consegues cheirar… no Brasil.
[Mas, por favor, volta depressa. Morro de saudades e isto é um verdadeiro teste à minha amizade – sabes bem como sou agarrada às castanhas. E se elas estão “quentes e boas” este ano…]
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