Friday, December 31, 2004

Um óptimo 2005

E, já agora, uma boa passagem de ano. Até para aqueles que a costumam passar debaixo da cama.

Do que eu mais gosto na blogosfera (I)

Os balanços de final do ano dos meus blogs favoritos, em termos de livros, músicas e filmes. Direitinhos para o meu bloco de notas.

Thursday, December 30, 2004

Superstições

- Tanguinha azul para o início de 2005? Nem pensar.
- Já viste a quantidade de funerais a que foste este ano? Deixa-te de pudores. Anda, vamos às compras.

E lá me deixei convencer. Várias voltas depois e prestes a ganhar juízo e desistir (estavam todas esgotadas porque afinal não é só a A. que tem esta paranóia que ela jura a pés juntos que resulta), lá consegui entrar na última loja de lingerie com a última tanguinha azul clarinha à venda para o ano novo.
A vendedora é simpática (demais) e mostra-me os vários modelos – boxer, cueca, asa delta… – antes de chegar à tão ansiada tanguinha. Enquanto me confirma que é uma bela compra – «são bonitas, macias e sexys» –, confidencia-me que também tem uma superstição: umas cuecas fio dental de renda vermelha, «mas comigo é para a noite da passagem de ano», diz com ar malicioso. Tive, de repente, um flash de como ela ficaria – a rapariga era… como hei-de dizer… assim pró grandita (e renda vermelha não é bem o meu género). Corei, contive o sorriso, chamei-me uns quantos nomes por me ter deixado levar, paguei e agradeci. «E se funciona», diz ela bem alto, quando eu já ia a sair.
Isto de começar o ano novo com a lingerie certa tem muito que se lhe diga.

Wednesday, December 29, 2004

Amores Perros

O Natal passou-se de volta a casa dos pais. O nosso cão andou eufórico durante o fim-de-semana. No dia a seguir, quando regressei chez moi, não comeu o dia todo. Desconfio que será difícil encontrar um homem que faça uma greve de fome por mim.

Já tinha estranhado

Que a Charlotte – sempre em cima do acontecimento no que se refere às músicas mais in do momento – ainda não tivesse mencionado esta. Este clip não existe.

Bate certo

«The Presidential Medal of Freedom is the Nation's highest civil award. It is awarded by the President of the United States to persons who have made especially meritorious contributions to the security or national interests of the United States, to world peace, or to cultural or other significant public or private endeavors

George W. Bush atribuiu-a, recentemente, a George Tenet, director da CIA aquando da decisão de intervir no Iraque; a Tommy Franks, que liderou a invasão militar e ficou encarregue da segurança no país; e a Paul Bremer, responsável pela ocupação.

Monday, December 27, 2004

O céu

Tem que estar mais estrelado hoje.

Sunday, December 26, 2004

Não querendo ser mazinha

certas mensagens nesta quadra para as quais não há explicação.
Sabendo que é com a melhor das intenções e correndo o risco de ser injusta, aquelas demasiado elaboradas e “profundas” levam-me as mãos à cabeça; decididamente, entre um extremo e o outro, prefiro o género mais básico que circulou este ano: «Bom Natal, pá».

Tenho uma lágrima no canto do olho

«Na política também pode haver Natal.»
Diz Santana Lopes, no seu discurso para este dia. Que profundo.

Saturday, December 25, 2004

O Natal dos Hospitais para alguns

Doentes internados que pedem para lhes ser adiada a alta, sabendo de antemão que as respectivas famílias não os virão buscar; doentes que surgem dia 24, invocando uma “dor não identificada”, apenas para não passarem o Natal sozinhos.

Friday, December 24, 2004

Feliz Natal

Thursday, December 23, 2004

Desafio natalício

As famílias católicas, como a minha, tinham um enorme desafio pela frente no que diz respeito à educação religiosa das suas crianças mais pequenas, assim que se começava a aproximar esta altura do ano.
O Pai Natal, apesar de Santo, surge rodeado de um paganismo que não agrada muito às famílias mais tradicionais. Pior do que isso, aparece envolto numa aura que ofusca – de forma quase herege – Aquele que deveria ser o verdadeiro contemplado em termos de atenções e cuidados nesta época natalícia.
Não conseguindo competir nem lutar contra o mediatismo do Pai Natal, restava, então, tentar remetê-lo para segundo plano. Lá em casa optou-se por dizer, desde sempre, que quem dava as prendas era o menino Jesus (o destinatário das minhas cartas nunca foi outro) e era Ele quem decidia se os pedidos eram ou não merecidos, consoante o comportamento durante todo o ano – esta ameaça causava calafrios, lembro-me bem. Para o Pai Natal sobrava o papel de «entrega ao domicílio». Com um ou outro adorno pitoresco, como as renas e o fato vermelho, mas, no fundo, no fundo, o Pai Natal aparecia apenas como um empregado de confiança d’Aquele que verdadeiramente mexia os cordelinhos. E assim se passavam as Festas durante alguns anos, normalmente até as crianças começarem a ouvir o murmurinho na escola de que o tal velhote de barbas, na verdade, não existia.
A grande prova de fogo a partir daí era impedir que, assim que o Pai Natal se revelava fictício, o menino Jesus fosse pelo mesmo caminho.

Sunday, December 19, 2004

Darcymania II



Oh, how kind of you. I was indeed awfully tired of walking.

Saturday, December 18, 2004

Darcymania



Comprei o meu primeiro mimo deste Natal: o DVD do Pride and Prejudice, a série da BBC que é uma reprodução fidelíssima do romance da Jane Austen, com o deslumbrante Colin Firth.
Já tinha ido mais do que uma vez à FNAC de propósito ver se o via e da última vez que perguntei devo ter feito um olhar de cachorro abandonado tal que o simpático rapazinho que me atendeu disse com ar de compaixão «Antes do Natal, vem certamente antes do Natal».
E veio. E escusado será dizer que papei a série toda – toda mesmo – no primeiro dia do fim-de-semana.

Friday, December 17, 2004

Liberdade: 1; segurança: 0

PS – O Público queria, obviamente, afirmar que a decisão tinha sido baseada na violação de direitos inscritos na Convenção Europeia dos Direitos Humanos (do Conselho da Europa) e não na «Constituição Europeia dos Direitos do Homem».

Thursday, December 16, 2004

Dentro da blogosfera

É mais profundo do que “netiqueta”, André: é “netica” que parece mesmo não existir.
Daí a minha total compreensão pela tua decisão; embora não sem alguma pena.

Wednesday, December 15, 2004

Não fui eu que disse

«Eu não faço auto-elogios, mas note o que se diz do Ministro da Defesa.»
E segue-se uma enumeração das medidas – que foram, de facto, muitas – com aquela pose.
Afinal sempre vale a pena ouvir o Paulo Portas.

[RTP 1, “Grande Entrevista”, 15.12.2004]

Monday, December 13, 2004

O temível jantar de Natal do emprego

Tenho a declarar que o meu jantar de Natal não foi assim tão mau como quase toda a blogosfera tem vindo a retratar.
À partida, nem todos os presentes poderão ser inteiramente insossos; é tudo uma questão de escolher estrategicamente a mesa. Este ano, por entre os conhecidos com quem já não se faz cerimónia, houve alguém em particular que fez a festa toda. Rapaz dos seus trinta e muitos anos, que eu mal conhecia, pareceu-me, desde o início, inesperadamente animado para a ocasião. Começou por insistir em combinarmos programas «radicais», desde paintball, até percursos de BTT, asa delta ou mesmo bungy jumping – claramente a apelar à sua boa forma física e espírito aventureiro. Pouco depois e a pretexto da estadia de dois “colegas” [teve de ser] no Brasil e da apologia do modo de vida brasileiro e das brasileiras em especial, não se conteve e a conversa não tardou a descambar, como já estarão a adivinhar, para um assunto deveras interessante: «gajas». Sociáveis, bonitas, com um “corpo simpático”, bla-bla-bla, bla-bla-bla… e assim se foi prolongando o jantar. Do mal o menos, pensei eu, sempre se passava benzinho uma noite predestinada a ser entediante.
Confesso, porém, que já estava a estranhar tanta sede ao pote, até que alguém lhe pergunta: «olha lá, já te divorciaste ou quê?» E ele responde, com um brilho no olhar: «Assinei hoje os papéis, pá. A partir de agora é sempre a abrir!»
Não sei como não desconfiei logo. Típico de homens em sofrimento.

Sunday, December 12, 2004

A vida é um milagre



[mesmo quando não parece]

Friday, December 10, 2004

Conversas de café

[empregado para um casal] – O costume? Dois cafés e um pastel de nata?
[ela] - Só os dois cafés, por favor. Amor, achas que estou mais gorda?
[ele, sem parar de ler o jornal] - Ó querida, pensa nas crianças-soldado em África.

Wednesday, December 08, 2004

Hollywood é que ainda não se rendeu aos brasileiros

Jude Law: o homem mais sexy do mundo?
Não lhe negaria colinho, certamente, mas as minhas preferências vão mais para o sul do outro lado do Atlântico.



[Não há dúvida: a minha pátria é a língua portuguesa. Ai não…]

Tuesday, December 07, 2004

Rejubilando-me (vergonhosamente) com a desgraça alheia

Como dizia a Joana, neste jogo ficamos sempre a ganhar: perca o Mourinho ou o FCP.
Raramente a vida é tão pouco angustiante.

Sunday, December 05, 2004

I Could Have Danced All Night

(Lerner-Lowe)

Bed? Bed -- I couldn't go to bed
My head's too light to try to settle down
Sleep? Sleep -- I couldn't sleep tonight
Not for all the jewels in the crown!

I could have danced all night
I could have danced all night
And still have begged for more
I could have spread my wings
And done a thousand things
I'd never done before

I'll never know what made it so exciting
When all at once my heart took flight
I only know when he began to dance with me
I could have danced, danced, danced..all night

Mrs. Pearce:It's after three now
don't you agree now
she ought to be in bed
Eliza: I could've danced...
Mrs. Pearce: Your time is up
Eliza: all night...
Mrs. Pearce: You must be dead
Eliza: I could have danced...
Mrs. Pearce: Your face is drawn
Eliza: all night...
Mrs. Pearce: Your eyes are red
Eliza: And still...
Mrs. Pearce: Now say goodnight
Eliza: have begged...
Mrs. Pearce: please, turn out the light
Eliza: for more.
Mrs. Pearce: please, it's really time for you to be in bed
Eliza: I could have spread...
Mrs. Pearce: Just come along
Eliza: my wings...
Mrs. Pearce: do as you're told
Eliza: and done a thousand...
Mrs. Pearce: or Mr. Finch
Eliza: things
Mrs. Pearce: is apt to scold
Eliza: I'd nev-
Mrs. Pearce: you're up too late
Eliza: -er done...
Mrs. Pearce: Please, I'm sure it's late
Eliza: before.
Mrs. Pearce: please, or as sure as Fate you'll catch a cold
Eliza: I'll never know what made it so exciting
When all at once my heart took flight
I only know
Mrs. Pearce: put down that book
Eliza: when he...
Mrs. Pearce: the book can keep
Eliza: began to dance...
Mrs. Pearce: now settle down
Eliza: with me...
Mrs. Pearce: and go to sleep
Eliza: I could have...
Eliza & Mrs. Pearce: ...danced, danced, danced...all night.



[Para a I., que anda com musicais na cabeça. (para ver, só a versão original; para ouvir, a do Jamie Cullum não está má de todo)]

Saturday, December 04, 2004

Para ajudar a expurgar a dor



Ingredientes
- 1 L leite
- 1 lata de leite condensado
- 3 colheres (sopa) de chocolate em pó
- 1 colher (sobremesa) de café solúvel
- 2 paus de canela
- 2 fatias (1 cm espessura) de laranja com a casca

Modo de Preparação
Mistura o leite, o leite condensado, o chocolate e o café. Se quiseres, bate no liquidificador. Em seguida, leva ao lume. Acrescenta a canela e as fatias de laranja. Deixa ferver. Retira as fatias de laranja para servir. E se estiveres numa de gulodice, serve com chantilly e, por cima, polvilha um pouco de canela em pó.

Friday, December 03, 2004

«Agora é só marcar o penalti»

Dizia um alto dirigente do PS, na mesa de café ao lado da minha.

O poder dos media versus o poder da mente

Os resumos das peripécias governamentais destes últimos quatro meses, de que se têm encarregue actualmente os meios de comunicação social, são arrepiantes.
Não é que estas nos tenham propriamente passado ao lado, mas, com o decorrer do tempo, a nossa memória selectiva vai esquecendo oportunamente os detalhes sórdidos, ainda que garanta uma sólida opinião face ao panorama geral.
As actuais reportagens têm reiteradamente reavivado as nossas lembranças deste conturbado período, enumerando e pormenorizando os acontecimentos de forma particularmente penosa: as danças de pastas, as sestas, as mini-férias, os atrasos, os adiamentos, a falta de coordenação, a sobre-exposição, os tiques de autoritarismo… It ain’t a pretty sight.
E bastante mais grave do que a redefinição destas reminiscências é constatar, como dizia o Francisco, que «nós éramos os derrotados antes da derrota de Santana».

Thursday, December 02, 2004

O nosso amor é lindo, tão lindo…

Não consigo impedir a minha imaginação de começar a borbulhar assim que me deparo com uma declaração pública de amor no mais visto dos blogs portugueses.
Rapidamente emerge na minha cabeça a figura do casal adolescente, com borbulhas e aparelho nos dentes, que namora há pouco tempo, usa e abusa de palavras intensas e tem como hobby cogitar sobre formas de agradar ao outro quase em jeito de competição. Ele tem a ideia primeiro, regozija-se, denuncia o “acto de amor” via sms – «Quem tem uma surpresa nos comentários do Barnabé do dia 29?» – e, por entre um risinho comprometedor que espera ser recíproco, aguarda os frutos da sua dedicação.

[Adenda: calculo que o meu frívolo passatempo decorra do simples facto do blog não ser meu. O André, tal como os seus companheiros de posts, provavelmente classificam tais manifestações de spam e prefeririam um retorno à famigerada porta da casa-de-banho pública.]

Wednesday, December 01, 2004



Vi ontem uma parte d’A América de Michael Moore (The Awful Truth) – o documentário que se propõe retratar a «realidade nua e crua» dos EUA em jeito de entretenimento. O tema era a homossexualidade vista pelos olhos dos grupos homofóbicos extremistas que apoiam a aplicação das leis anti-sodomia nos treze estados norte-americanos que ainda não as revogaram ou suspenderam. Daqueles que se manifestam nas ruas com cartazes a dizer «Gays burn in hell», encabeçados pelo odioso Reverendo Fred Phelps do Kansas – quem mais? – que faz de modo de vida incitar este ódio um pouco por todo o país. (Estamos a falar de alguém que reuniu o seu grupinho e foi especialmente a Nova Iorque, a seguir aos atentados, agradecer a Deus o 11 de Setembro porque o «FDNY is a fag fire department».)
É, como podem imaginar, um espectáculo verdadeiramente deprimente. Pelo ridículo de tudo aquilo, mas principalmente porque o apoio a estas leis vincadamente discriminatórias é apenas a ponta do iceberg – isto é, a ponta legal de um iceberg social e moral.
Mais deprimente ainda – e revelando a insanidade que pauta estes grupos, se é que havia dúvidas – é ver um outro tipo de cartazes, orgulhosamente empunhados, que diziam «Thank God for AIDS».

oops

Acho que falei cedo demais...