Tuesday, August 31, 2004

Um mês?

Olha a miúda a tentar enganar-se...

Balbúrdia incomportável

Convites para jantar todos adiados.
Estou a ver que vou virar “fada do lar” durante o próximo mês.

Monday, August 30, 2004

And they keep on coming…

Era o que estava escrito na minha cara, enquanto via as dezenas de caixotes a serem transportados para minha casa e a taparem toda e qualquer espécie de chão que teimava em ficar a descoberto...

Isto de arrumar uma casa tem muito que se lhe diga

Encontro livro oferecido por ex-affair secreto, com dedicatória incriminatória, que opto por deixar em casa dos pais, bem guardadinho no armário do meu quarto de jovem adolescente (que a minha Mãe condescendeu em não me obrigar a esvaziar). Não vá algum convidado a minha casa, mais curioso, querer folhear e deitar o mistério todo a perder…

Sunday, August 29, 2004

Parabéns, Papi!

Não lês o meu blog – Deus te livre de descobrires esta faceta da tua filha – mas, ainda assim, estás sempre presente.

Saturday, August 28, 2004

Momento embaraçoso do dia

Aparece o Alexandr – o mais novinho e conversador dos ucranianos que foram ajudar nas mudanças – com uma fotografia minha com 6 aninhos, desdentada, com o cabelo todo desgrenhado, com a bela da fatiota típica dos anos 80, a dizer que a tinha achado no meio dos livros e a perguntar se era eu. «Não! É a minha irmã. Não se vê logo?»
Sorry, sis…

(des)arrumações

Arranjar o chão e pintar as paredes de todas as divisões equivale, basicamente, a mudar de casa. Ou seja, é um completo caos. O caos em que tenho andado embrenhada desde que voltei de férias. Nem tem dado para vir aos blogs – o que só potencia os sinais de demência.
Os livros são às centenas e os “cacos” – como eu costumo chamar às mil e uma peças da Vista Alegre e afins que a minha Mãe tem em casa – exasperam qualquer santo. Pais e filhas foram embrulhando tudo em caixotes e depois contratou-se uma empresa de mudanças para transferir os móveis mais pesados para a varanda e a garagem.
Os senhores que foram ajudar a fazer as mudanças eram um português e dois ucranianos – ambos engenheiros, o que ainda me choca bastante. O português tinha olhos azuis e cabelo claro, o que provocou o momento hilariante do dia protagonizado pela minha Mãe que, desprevenida, foi falar com ele muito devagarinho, repetindo tudo umas duas ou três vezes, sempre acompanhada de muitos gestos efusivos, enquanto eu e a minha irmã nos ríamos no canto sem conseguir parar. (Ai se a minha Mãe descobre que eu tenho um blog e ando para aqui a dizer estas coisas…)

Wednesday, August 25, 2004

Gosto de ver as entregas das medalhas

Não pelo momento de glória. Pelo momento de comoção.

Nó na garganta

Vi ontem o “Toda a verdade” da SIC Notícias sobre a tragédia das violações em massa perpetradas no conflito da Bósnia como arma de guerra.
Ler sobre isso não se compara a ouvi-lo de quem o viveu.

Tuesday, August 24, 2004

Encontrei foto duplamente histórica

Da minha irmã, com o ex-namorado, no cimo de uma das Twin Towers.

Socorro

Estou atulhada em pó – cof, cof – e, muito pior do que isso, em memórias.

Voltei

Fui intimada a voltar de férias. (Sim, eu sei, também já estava a abusar.)
A minha Mãe achou por bem fazer obras em casa e precisa que eu, basicamente, tire toda a tralha que ainda tenho em casa dela e passe para a minha.
Está mal. A minha casa tem estado um brinco precisamente porque ainda não tem nem metade das minhas papeladas. Desde que me mudei que optei por ir trazendo as coisas para cá muito lentamente: escolhendo os livros fundamentais para pôr no quarto, os necessários para pôr no escritório, depois os bonitos para pôr na sala… E, entretanto, a papelada chata de organizar, a que preciso mas não preciso assim tanto, a que não preciso de todo mas tenho pena de deitar fora – e por aí em diante… – foi ficando no sítio dela, isto é, em casa dos meus pais. A minha Mãe já andava a ameaçar tomar uma atitude: “Sabes bem que, por mim, ficavas cá em casa o tempo que quisesses, mas podias era mudar a tua tralha, não?”. Ignorei, claro. O meu modelo de mudança de casa dos pais – bastante egoísta, admita-se – estava a resultar na perfeição. Mas agora, muitos meses depois, acabou-se a brincadeira. Começo, aliás, a desconfiar que esta história das obras teve apenas esse propósito. Que espertinha, a senhora minha Mãe.

Sunday, August 22, 2004

Não sou lá grande desportista

Por norma, nos Jogos Olímpicos, gosto de ver: natação, saltos para a água e natação sincronizada; ginástica masculina e, principalmente, feminina; ténis; hipismo; atletismo “curto” (entendem, não entendem?); e pouco mais.
Os desportos aquáticos calculo que por ter sido nadadora; os restantes por serem, acima de tudo, um espectáculo ou por serem empolgantes.
Há certas modalidades que, se estiverem a dar, não me fazem mudar de canal, mas que não me deixam propriamente entusiasmada. Há outras que me fazem morrer de tédio, tipo ciclismo (desconfio, aliás, que sejam raras as mulheres que morram de amores por ciclismo – à excepção das que o praticam) ou judo (não sei se é por ser “dos desportos menos televisivos que existem”, como diz o Nuno, mas não há, de facto, grande paciência – e junto exactamente na mesma categoria a luta greco-romana). Há outras a que, inexplicavelmente, não ligo nenhuma nos Jogos Olímpicos e gosto bastante nos Mundiais e Europeus, como o futebol ou o volei.
E depois convenhamos que há modalidades que despertam interesse para serem praticadas mas que na televisão não têm grande piada, tipo esgrima, tiro, badmington (a pena move-se muito devagar) ou ténis de mesa (a bola move-se muito depressa).
E entretanto estarão os leitores do mundo masculino a pensar: «Falta-te a explicação mais básica pelas modalidades eleitas: és “gaja”».
Correct!
É também por isso que anseio pelos Jogos Olímpicos de Inverno só para ver a patinagem artística.

Saturday, August 21, 2004

Os privilégios do sub-desenvolvimento

Leio, meio incrédula, os motivos da relutância do Primeiro-Ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, em “subir de patamar” de país menos desenvolvido para país de desenvolvimento intermédio, na escala do ECOSOC.
Embora sem recursos energéticos e sofrendo de uma falta de água crónica, Cabo Verde tem sido um aluno exemplar em termos económicos durante as últimas duas décadas. Mas – espantemo-nos – a forma de premiar a boa gestão, transparência e eficácia das reformas levadas a cabo com ajuda externa é passar, de um momento para o outro, a aplicar juros totais aos empréstimos e tarifas aduaneiras às suas exportações, o que resultará necessariamente desastroso para a economia do país – ainda particularmente vulnerável. Isto é, o prémio para o bom desempenho de Cabo Verde será empurrá-lo de novo para o patamar mais baixo, sem apelo nem agravo.
Qualquer pessoa de bom senso entenderá que é imprescindível um período de transição. Mas a verdade é que o famigerado discurso do “subsídio-dependente” também é cego a nível internacional.

O regresso do filho pródigo

O Ivan d’A Praia reconciliou-se com o mundo da blogosfera.

[E agora vinha a parte que tinha piada em que eu faria um link para os links. Se soubesse, claro.]

Friday, August 20, 2004

Imbatível

Michael Phelps, nadador norte-americano de 19 anos, no seu melhor. Sexta medalha and fighting for more.

É um facto

Que o segundo e quarto lugares são sempre os piores. Deixam um sabor amargo a quase-vitória.

Momentos de deliciosa tensão

A norte-americana Carly Patterson, de 16 anos, esteve fantástica na ginástica individual feminina. Então na trave, – prova que mais me empolga –, foi elegante e seguríssima. Esteve, de facto, melhor do que a Khorkina que, apesar de um excelente desempenho, acabou em segundo lugar, despedindo-se, muito provavelmente, da sua participação em Jogos Olímpicos. Brindou-nos com um grande sorriso, é verdade, mas só mesmo no fim. (Ai que discordei da minha querida bomba.)
Fiquei triste com o quarto lugar da russa Anna Pavlova. Acho-a francamente mais graciosa que Zhang Nan, a chinesa que conseguiu o terceiro lugar. Curioso foi ela ter deixado a Pavlova em prantos e não ter esboçado qualquer espécie de reacção. Foi a primeira medalha em Jogos Olímpicos e a rapariga não chorou, não sorriu, não festejou. Parecia que tinha ido lá só "ver a bola".
O título voltou, então, para os EUA, vinte anos depois da célebre Mary Lou Retton, em Los Angeles. Mas adivinhem lá a naturalidade dos treinadores da mais recente campeã olímpica…

O Simãozinho

Bateu o recorde nacional de 100 metros mariposa. Não se conseguiu qualificar para as meias-finais – o que era muito difícil – mas não foi a Atenas em vão.
Além de ter ficado contente, estou perfeitamente convencida que isto de apostar em gajos giros até dá os seus frutos.

Como eu te compreendo

«Um ego frágil, como este que transporto, alimenta-se de tudo»

Agora que a minha cabeça já descobriu, está determinada, convicta e corajosa

Could someone explain it to my heart?

Thursday, August 19, 2004

Encruzilhada

A esperança e mesmo a negação têm um papel importante em crises amorosas. Durante um tempo, difícil de determinar, servem para aparar a queda. São uma espécie de tapete – ainda que bem fininho – que aconchega a dor.
O complicado é sair dessa espécie de limbo que nos parece proteger da realidade. Concluir que se deve, finalmente, andar para a frente, além de ser uma decisão particularmente crítica, raramente é definitiva: surgem dúvidas genuínas, hesitações compreensíveis ou pura falta de coragem.
Mas, por norma, os sinais estão todos lá. Não querer ver teve o seu papel. Mas já deixou de o ter.

Wednesday, August 18, 2004

Don’t worry, Be Happy

Erasmus não é uma experiência consensual, é antes uma experiência radical: ou se adora ou se detesta. Dependerá, até um certo ponto, da capacidade de adaptação da pessoa em causa, mas o mais importante são, sem dúvida, as condições que lhe são proporcionadas.
Isto, vindo de quem já foi mais de uma vez para fora, ficou sempre, mas voltou com plena consciência da sorte que teve.
Cá ou lá, o importante é estares bem. Contigo mesmo, com a decisão que tomaste. É tão corajoso ir como resolver voltar.
Beijinhos e aproveita o resto das férias.

Tuesday, August 17, 2004

Alguém ganhou no totoloto

E não é que estava eu a deliciar-me com solinho e banhocas por terras espanholas quando começo a ouvir a Aquarela a tocar, ao longe, no bar da praia?
Sinal divino para eu ir cuidar do meu blog, pensei eu. E, assim, aproveito para atribuir o prémio Jackpot à justa vencedora.

Já agora, aqui fica a letra. Uma ternura.

Aquarela

(Toquinho/Vinícius de Moraes/ G. Morra/ M. Fabrizio)

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis rectas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu
Vai voando contornando
A imensa curva norte sul
Vou com ela viajando
Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela branco navegando
É tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens vem surgindo
Um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo
Sereno indo
E se a gente quiser
Ele vai pousar

Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos, bebendo de bem com a vida
De uma América à outra consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Um menino caminha e caminhando chega no muro
E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida
E depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
Que descolorirá
E se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
Que descolorirá
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Que descolorirá

Sunday, August 15, 2004

Justiça dos vencedores

As últimas informações que nos remetem, de novo, para os horrores das guerras nos Balcãs deixam um nó na garganta difícil de engolir.
O General croata Thomir Blaskic, que tinha sido condenado a 45 anos de prisão pelo Tribunal Internacional para a ex-Jugoslávia por crimes de guerra e contra a humanidade, cometidos em 1993 contra bósnios muçulmanos, foi libertado quatro anos após ter sido interposto recurso.
Esta decisão é particularmente delicada. Em primeiro lugar, por acicatar novamente a relação conflituosa que tem pautado a vida das comunidades croatas e muçulmanas; em segundo, por parecer dar razão a quem considerava o Tribunal um mero instrumento dos vencedores contra os vencidos – isto é, contra os sérvios; e ainda, por deixar a nu a impotência do Tribunal face a determinadas pressões, mesmo nas escassas ocasiões em que teve possibilidade de julgar os presumíveis culpados dos crimes horrendos praticados desde 1992 até à guerra no Kosovo.
Esta nova sentença poderá afectar outros julgamentos actualmente em curso neste Tribunal, dos quais sobressai o de Milosevic, como lembra o Embaixador Cutileiro – uma autoridade nesta matéria – no seu artigo do Expresso de 7 de Agosto. E coloca ainda o Tribunal numa posição inevitavelmente fragilizada para exigir a entrega de outros dos principais mentores da limpeza étnica perpetrada na Bósnia – como Mladic ou Karadzic – que até agora não estão a braços com a justiça e, de momento, dificilmente estarão.
Mas, infelizmente, esta questão tem ramificações mais abrangentes. Também a credibilidade de outros tribunais do género sai minada, como é o caso do Tribunal Internacional para o Ruanda. E até o incipiente Tribunal Penal Internacional é lesado por este julgamento: nas actuais circunstâncias em que a relutância relativamente à sua utilidade é o padrão, o fracasso em punir quem parecia não ter conseguido sair incólume à pressão internacional põe claramente em causa as verdadeiras capacidades deste instrumento do direito internacional de punir e, de forma preventiva, pôr cobro a estas atrocidades.
O resultado mais evidente desta decisão é a frustrante sensação de que a impunidade paira no ar.

Saturday, August 14, 2004

Publicidade II

E o da Sagres?
«Iiihhh, oh Daniela, agora não dá.»

É, aliás, particularmente verosímil… Está-se mesmo a ver eu a dizer: «Iiihhh, oh Gianecchini, agora não dá.»

Publicidade

Acho tanta piada à malta do “momento zen” dos anúncios da Lipton Trip.

Friday, August 13, 2004

Neste Jogos Olímpicos

Estou a torcer pelo Simão Morgado. E não é só por gostar de natação…

[Desculpem a infantilidade do post, mas o rapaz é pouco giro, é]

Wednesday, August 11, 2004

Também vos acontece?

- O nosso Primeiro-Ministro, o Santana Lo…
- Quem???

Monday, August 09, 2004

Pessimista/realista

A minha recaída durou três dias e augura-se um cruel calvário durante as próximas três semanas, um sofrimento penoso durante os próximos três meses e lembranças dolorosas durante os próximos três anos.

Sunday, August 08, 2004

Tomara

Tomara que você volte depressa
que você não se despeça
nunca mais do meu carinho
chore, se arrependa e pense muito
que é melhor se sofrer junto
que viver feliz sozinho

Tomara que a tristeza te convença
que a saudade não compensa
e que a ausência não dá paz

Que o verdadeiro amor de quem se ama
tece a mesma antiga trama
e não se desfaz

Que a coisa mais bonita desse mundo
é viver cada segundo como nunca mais

(Vinícius de Moraes/Toquinho)

[Adenda: Irrita-me solenemente dar por mim a concordar com a letra desta música. Tomara que passe depressa à fase seguinte da crise.]

Saturday, August 07, 2004

«Católica e Feminista, Graças a Deus»

O título deste artigo da Ana Vicente sintetiza, na perfeição, a resposta que o cardeal Ratzinger e afins mereciam ouvir. Isto, se ainda valesse a pena dizer-lhes o que quer que seja.

[Adenda: Se bem que a ideia da Inês Pedrosa, no Expresso de 14 de Agosto, das mulheres ameaçarem a deserção da Igreja Católica, não é nada de se deitar fora…]

Friday, August 06, 2004

Ah… férias

Não há horários, constrangimentos, prazos, obrigações…
E só sei em que dia da semana estou por causa da pílula.

[Pronto, vá, eu compro jornais. Mas ignorei-o em benefício de uma graçola mais convincente.]

Wednesday, August 04, 2004

Dúvida virtual

Ponho comments, não ponho comments, ponho comments, não ponho comments

[Sei que costumo abusar, mas desta vez só escrevi em inglês por causa do itálico. Interessa-me ter um blog estético.]

Tuesday, August 03, 2004

Darfur

A resposta da comunidade internacional à catástrofe humanitária no Sudão é de uma tibieza atroz. A palavra Darfur começa, no entanto, a entrar finalmente no nosso léxico. E este primeiro passo – ainda que tardio – é essencial para se evitar um novo Ruanda.